O Café Club oferece uma lista de cocktails e de ingredientes essenciais única e genuína.
Não se pode falar sobre a caipirinha sem falar da cachaça, vale a pena voltarmos atrás no tempo para conhecermos um pouco sobre o álcool e sua origem. Bebidas fermentadas como o vinho e a cerveja, remontam aos primórdios da humanidade. No código de Hamurabi na antiga Babilónia, em 1750 a.c. já se mencionavam proibições para sacerdotisas frequentarem tabernas. Durante séculos a humanidade saboreou bebidas fermentadas, os babilónios com a cerveja, os gregos com o vinho e os índios brasileiros com o caiçuma, uma bebida fermentada a partir do milho.
Use o seu julgamento pessoal para decidir e ajustar o seu gosto individual.

Foi no século X que Avicena, médico, astrónomo e filósofo árabe, descobriu o processo de destilação do material fermentado. A destilação produz um líquido composto na sua maior parte por álcool etílico. A palavra álcool tem origem árabe "Al Kuhul" que curiosamente significa fina poeira referindo-se ao sulfeto de antimónio, cosmético muito usado pelos egípcios. Posteriormente este termo passou a designar qualquer essência como o álcool. Entre o século X e XII, os alquimistas europeus classificaram o produto da destilação como "aqua ardens" literalmente água que incendiava. A água que ardia, posteriormente, foi obtida com um maior teor alcoólico e foi chamada de "aqua vitae", "eau de vie" em francês e "uisqe beatha" em irlandês. Esta água da vida ou quinta-essência era usada pelos médicos como remédio.

Com o avanço da ciência os químicos classificaram os álcoois e a sua grande família, o álcool etílico é o composto que nos embriaga. A famosa reação de fermentação onde a glicose se transforma em álcool é chamada de reação de Gay Lussac, famoso químico francês, que deixou a sua marca em cada garrafa, ao lermos o teor alcoólico usamos a escala que tem o seu nome.
Ouse sentir o seu carisma!
Avancemos um pouco no tempo, estamos no século XVI, período da introdução da cana de açúcar no Brasil. Nos engenhos de cana, o que restava da produção de açúcar era dado aos escravos e aos animais. Este resíduo era a borra do melaço fermentada, conhecido como "vinho de cana". Esta borra é chamada até hoje pelos espanhóis de "cachaza" ou "cagassa" em português. Os jesuítas registaram que a "áugoa ardente" era dada aos escravos.
Alguém teve a feliz idéia de usar a técnica de Avicena, nesta época já espalhada pela Europa, e destilar este resíduo obtendo um destilado com alto teor alcoólico, surgindo assim a cachaça. A origem deste nome é controversa. Morais Silva, autor do primeiro grande dicionário de português em 1813 e dono de um engenho, relata que quando se fervia a mistura aparecia um pescoço ou cachaço no recipiente. Nas suas palavras, a palavra cachaça vem da primeira fervura da cana, que se altera e assume a forma de um cachaço. Mas existe a palavra espanhola "cachaza" e surge a dúvida se foi o cachaço português que influenciou o espanhol ou vice-versa.
Os livros de história são unânimes em afirmar que o primeiro lugar a produzir aguardente foi a Capitania de São Vicente, onde fica hoje o estado de São Paulo e onde estava instalado o primeiro engenho real de cana. Em 1584, Gabriel Soares faz um relato referindo a existência 8 casas de "cozer mel" como eram chamados os engenhos que produziam a cachaça, muito antes dos ingleses iniciarem a produção de rum, no Caribe, com um processo semelhante.
No alambique quando a temperatura chega a 78 graus o álcool etílico ferve e separa-se da água. O objetivo é libertar as partes tóxicas como o metanol e obter álcool aromatizado. O segredo de uma destilação perfeita consiste em descartar-se o início e o fim da destilação, chamadas respectivamente de cachaça de cabeça e cachaça de rabo, obtendo no meio a cachaça do coração. Esta, com os seus diversos compostos, é a cachaça de boa qualidade, transparente, ideal para fazer caipirinha, com um teor alcoólico acima de 40%.
A cachaça era fabricada em quase todos os locais onde houvesse um engenho de açúcar, servia moeda de troca, usada também para comprar escravos na África. A produção nacional passou a incomodar o governo português que viu desaparecer a sua venda de vinho e o seu destilado, a bagaceira. Tentaram proibir a produção da cachaça, mas tal tarefa revelou-se quase impossível. O governo português resolveu cobrar taxas sobre a produção e os impostos sobre a cachaça ajudaram a reconstruir Lisboa, abalada pelo terremoto em 1755.
Altos impostos cobrados pela coroa portuguesa foram uma das causas de revoltas no Brasil. Na Conjuração Mineira a cachaça passou a ser um dos símbolos. Os inconfidentes valorizavam o produto nacional e incentivavam o consumo do que até hoje os portugueses chamam de "aguardente da terra". A cachaça, sendo relativamente barata, tinha conquistado o país. Em quatro séculos de história ganhou diversos nomes. O novo dicionário Houaiss regista mais de 500 sinônimos para a cachaça do "abre" à "zuninga". Embora a elite brasileira tenha por vezes contrariado a expanção da cachaça, esta tornou-se a bebida nacional, a cara do Brasil.
Esta mesma elite ignorava as frutas abundantes da terra. Melhor para os escravos que tinham sumos de frutas em abundância. Os escravos gostavam também da garapa, do caldo-de-cana não fermentado e quando possível animavam as festas com cachaça que até em parte era oferecida aos espíritos dos mortos. Os sumos de fruta misturados com a cachaça originaram a famosa "batida". A mais famosa era a batida-de-limão que podemos considerar como a prototipo da caipirinha, faltando os pedaços de limão com casca que dariam à caipirinha o seu gosto original.
Mas a cachaça também era usada como remédio. Ainda a medicina não era considerada uma ciência, já existiam elixires que em sua grande parte eram alcoólicos. No interior do Brasil é comum tomarem-se bebidas alcoólicas com limão e mel, um saudável remédio para gripes e resfriados. A aguardente tornava-se novamente a "áqua da vida" dos alquimistas.
Um olhar às histórias da criação e das tradições de alguns dos cocktails mais populares, às pessoas que os fizeram e também às histórias e cultura como se vive hoje.
Morangosca

Pessegosca

Passemos então ao início do século XX. O mundo e o Brasil fevilhavam, os anos 20 eram de agitação cultural, o Brasil achava-se inferior e procurava um caminho próprio. Surgiu o Modernismo Brasileiro, revoltando-se contra as amarras impostas pela Europa. Literatura, pintura e poesia tiveram um nova rota a partir deste movimento, cujo símbolo era a antropofagia, ou seja, "o que é mandado pelos gringos será literalmente comido e absorvido". Acima de tudo o Modernismo valorizava a cultura brasileira. De novo a cachaça entrava em cena para as elites.

Ananosca
Um dos expoentes do Modernismo, o escritor Oswald de Andrade, deixou um relato no seu diário "Trago rapadura de cidra e uma alma pré-homérica cheia de pinga com limão." Oswald de Andrade casou-se com Tarsila do Amaral, uma das maiores pintoras modernistas. Tarsila, na biografia por sua sobrinha, relata que na década de 20, organizava famosas feijoadas em Paris. O feijão era fácil de obter nos mercados mas a bebida alcoólica para a caipirinha vinha do Brasil e passava pela alfândega francesa rotulada como "produto de beleza", o que não deixa de honrar as origens do nome "Al Kuhul". O pré-modernista Monteiro Lobato no seu primeiro livro, Urupês, fala das "caipirinhas rosáceas."
Meloa
Da batida de limão evolui-se para o limão com casca em rodelas ou pedaços. A tecnologia ajudou e havia gelo em abundância para o tornar refrescante. Mas quando é que o nome de caipirinha foi usado pela primeira vez para rotular a bebida ? Caipira era o termo paulista que designava "habitante do campo", segundo o Dicionário de Vocábulos Brasileiros de 1889, onde mesmo a origem desta palavra era obscura. Aparentemente teve origem no Tupi de "caipora" ou "curupira". Caipora em tradução literal do Tupi por significar "habitador do mato". Curupira é um ente fantástico, um demônio que vagueia errante pelo mato. Talvez alguém tenha abusado da bebida e valorizando a mitologia nacional viu "curupirinhas" à sua volta em vez dos tradicionais elefantes-rosa dos desenhos animados. Mas isso tudo não passa de especulação. A caipirinha é hoje uma bebida conhecida internacionalmente e incorporada no rico folclore do Brasil.
Melão
O "The Dictionary of Drink" da Tiger Books dá a receita da caipirinha como é conhecida no mundo: Uma dose de cachaça, um limão e açúcar a gosto. Corta-se o limão em pequenos pedaços, coloca-se o açúcar e amassa-se. Serve-se num copo padrão, enche-se de gelo e finalmente adiciona-se a cachaça. Deve ser servida com uma colher. Esta receita é a legítima caipirinha com a diferença que no Brasil usa-se um palito de madeira em vez de uma colher. A caipirinha é uma bebida refrescante e tipicamente tropical representando com louvor o Brasil no mundo. Infelizmente a originalidade da nossa caipirinha é ameaçada pelo rum, primo da cachaça pois é também fabricado a partir da destilação da cana de açúcar. O rum branco, destilado do mosto de cana fermentado sai do alambique com mais de 80% de teor alcoólico, sendo diluído para cerca de 40%. A matéria prima é parecida mas o processo gera um produto diferente. Esta semelhança faz com que diversos dicionários e artigos de imprensa no mundo ignorem a cachaça por a achar semelhante ao rum. Os brasileiros têm parte da culpa fazendo, por vezes, caipirinha com vodka ou heresia das heresias com o concorrente rum. Se gosta de álcool de batata, imagine-se no norte da Europa e peça uma caipirosca, ou então imagine-se no Caribe e peça uma caipiríssima com rum. O nome caipirinha é exclusivo para a bebida elaborada com cachaça, ponto. Devido à variedade de frutas pode-se usar lima-da-pérsia, morango e uva, mas sempre com cachaça. E finalmente ao tomar uma caipirinha saiba que está com séculos de história no seu copo.
Mojito - Um mojito é feito tradicionalmente de cinco ingredientes: hortelã, rum, açúcar , lima e água carbonatada. Combinação de leveza, refrescante cítrico e sabor de hortelã pretendem mascarar o kick potente do rum.
Mojito Café Club
Mojito Maracujá -
No século XVII, o almirante inglês Francis Drake, primeiro homem branco a aportar em inúmeras ilhas do Pacífico Sul, teve a ideia de oferecer aos seus marujos uma mistura de hortelã e rum para eliminar problemas respiratórios e estomacais, tão comuns nas travessias marítimas. A receita do Mojito, como a conhecemos actualmente, é uma criação do célebre La Bodeguita del Médio, em Havana. Foi lá que, pela primeira vez, o escritor Ernest Hemingway, autor de obras como O Velho e o Mar, discursou sobre a origem desse clássico cocktail.
Sangria Morango
Sangria Branco
Sangria Tinto